ULNC - Uma Luz Na Caverna
Há muito mais para descobrir... Registe-se e venha discutir connosco!

Participe do fórum, é rápido e fácil

ULNC - Uma Luz Na Caverna
Há muito mais para descobrir... Registe-se e venha discutir connosco!
ULNC - Uma Luz Na Caverna
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Este fórum só permite textos de opinião ou resumos / tópicos relevantes sobre Filosofia, Ética ou Psicologia.

Ir para baixo
avatar
Costa
Aprendiz
Aprendiz
Mensagens : 20
Pontos : 56
Data de inscrição : 23/09/2020

 “Aquela triste e leda madrugada” de Luís Vaz de Camões  Empty “Aquela triste e leda madrugada” de Luís Vaz de Camões

Sáb Mar 20, 2021 1:18 am
Luís Vaz de Camões, foi um poeta português, um dos maiores do ocidente e uma importantíssima figura na literatura portuguesa, devido á sua famosa obra “Os Lusíadas” e o encanto com que a escreveu, considerada assim a epopeia portuguesa por excelência. Este nasceu em Lisboa, pensa-se que foi em 1525 e faleceu a 10 de junho de 1580, com 56 anos. Viveu na altura do Renascimento, iniciado em Itália, onde ocorreram imensas mudanças na sociedade e na cultura e o desenvolvimento de uma espécie de confiança nova nas forças naturais.  
O Renascimento foi a época onde Camões escreveu o tão bonito poema “Aquela triste e leda madrugada”, de que irei falar.

Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade,
enquanto houver no mundo saudade,
quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se d`ua outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
que duns e doutros olhos derivadas,
s`acrescentaram em grande e largo rio;

Ela viu as palavras magoadas,
que puderam tornar o fogo frio,
e dar descanso as almas condenadas.

Neste soneto interpretamos a madrugada a fazer o papel de espectadora durante despedida de um amor profundo entre duas almas e, a saudade causada por tal. Este acontecimento ocorre numa triste e alegre madrugada. A dor causada em cada um pela separação representa a tristeza e o romper da aurora de um dia cintilante representa assim a alegria.
Juntamente com este poema, consigo interpretar perfeitamente uma melodia melancólica que adoro tocar na guitarra chamada “Memory”. Sempre me marcou imenso e é talvez das músicas que mais gosto de ouvir e tocar, a isto associo este tão simples e puro poema que por tal me marcou também. A palavra memória é diretamente narrada pelo passado, e com o que por vezes já não nos pertence. Este soneto tem presente a dor que a saudade traz, que é semelhante à mesma dor, quando recordamos algo que já não nos pertence.  
Algo que também associo na minha imaginação é a cor azul acinzentada, que preenche a minha mente no ouvir e no interpretar, do que Luís de Camões escreveu. Esta cor tanto pode representar serenidade, espiritualidade, mas também frieza, monotonia e uma dor profunda, depende da interpretação de cada um e do modo de como o nosso coração a sente, que no meu caso é a algo mais triste e profundo.
Este soneto contém uma pura e enorme beleza junto a si, e o autor retrata a dor causada pela saudade de alguém que amamos, tal como o amor é em si, doloroso e extraordinariamente espetacular e especial.
avatar
adelebieber
Aprendiz
Aprendiz
Mensagens : 29
Pontos : 41
Data de inscrição : 27/10/2022

 “Aquela triste e leda madrugada” de Luís Vaz de Camões  Empty Luis Camões

Sex Mar 17, 2023 9:31 pm

Luís Vaz de Camões foi um poeta e escritor português do século XVI, nasceu em Lisboa por volta de 1524 e faleceu em Lisboa no dia 10 de junho de 1580, este dia atualmente é o dia da Língua Portuguesa, dos cidadãos e das Forças Armadas.
Descendente de família ilustre, sabe-se que Camões teve uma vasta cultura, estudando latim, retórica, poesia, gramática e filosofia. Em 1542, tendo se mudado para Coimbra para estudar Direito, acabou por participar numa guerra contra os mouros no norte de África, durante a qual teria perdido o olho direito, e por isso, muitos o conhecem como o”zarolho”, na sua época por ter sido alvo de chacota, escreveu vários poemas para explicar que mesmo “zarolho” via toda a maldade que o rodeava.
Em 1549, Camões viajou para o Oriente e viveu em Goa, onde trabalhou como funcionário público e se envolveu em algumas disputas que o levaram a ser preso e desterrado para as ilhas do Oriente. Durante esse período, escreveu grande parte de sua obra mais famosa, a epopeia Os Lusíadas. Obra esta que influenciou muitos outros autores, e sendo uma das obras na minha opinião, mais importantes da língua portuguesa, sendo um símbolo único.
De volta a Portugal em 1570, os seus amigos pagaram-lhe as dívidas, contudo Camões enfrentou muitos problemas financeiros e pessoais, e então morreu em grande pobreza em 1580, sendo também os seus amigos a pagar o funeral.
A obra de Camões é considerada uma das maiores da literatura portuguesa e europeia, destacando-se pela riqueza de suas descrições e pela análise filosófica e moral dos acontecimentos históricos. Além de Os Lusíadas, escreveu também poemas líricos, como as Rimas.
Admiro bastantes poemas de Camões, mas o que mais me fascina, pelas ideias que até aos dias de hoje se mantém, pelas palavras chaves, porque de forma literal o mundo é uma constante mudança, e cada vez mais se constata isso, então faz todo o sentido, fiquei encantada logo na primeira leitura desta, ou seja o poema “Mudam-se os tempos”, e por isso achei interessante deixar aqui o excerto.


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Ir para o topo
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos