A paixão que me faz ser eu

Assim como o teatro e o ilusionismo, a dança é considerada a 4ª arte do mundo. Para mim, qualquer um que tenha sentimentos para exprimir, sabe dançar, mesmo que não tenha a coordenação ou a técnica. Antes de mais nada, dança é a catarse de impulsos recalcados. Todos nós temos uma dança da vitória, todos nós gostamos de dançar com os que amamos e desejamos o bem e todos nós dançamos em mais momentos, uns dançam mais, outros menos. Outros têm aulas, outros não. Uns têm mais facilidade em se libertar, outros isso não é um problema. Com tudo isto, o que quero mostrar é que a dança nos toca a todos, e que é algo íntimo, principalmente quando dançamos algo que ninguém nos disse para executar de certa e determinada maneira, é algo que exprime, sem filtros quem realmente somos e o que estamos a sentir.
Para muita pena minha, nunca tive uma grande experiência no que toca a aulas da dança. Se me tivesse inscrito desde cedo em aulas, teria optado por um curso de dança para mais tarde segui-lo profissionalmente, mas eu acredito que nada é por acaso, por isso sei que a dança estará para sempre presente na minha vida, mas que por alguma razão há algo melhor à minha espera.
Comecei indiretamente aos 5 anos, quando a minha mãe me inscreveu na ginástica rítmica da Académica de Espinho, foi um experiência incrível, estive lá a treinar até aos 8 anos, ainda me lembro quando consegui fazer a minha primeira espargata frontal, acho que nunca me tinha sentido tão orgulhosa de mim, devia ter os meus 6 anos. Mais tarde, por decisão dos meus pais, saí porque não me estavam a treinar de uma maneira adequada e porque víamos raparigas mais velhas a sofrer bastante devido à agressividade e à exigência que nos era imposta.
Por isso quando saí acabei por ficar no desporto escolar da minha escola, onde saí aos 9 anos. Entretanto mudei de escola e não pratiquei mais nada, apenas nos intervalos com as minhas amigas, em que chegámos a fazer umas coreografias, e coisas associadas à dança. A partir do 7º ano, ainda não tinha tido qualquer contacto com a dança diretamente, mas comecei a reparar, pelos alunos da escola onde andava que tinha a parte da música e a dança, que o que queria era mesmo a dança, então depois de alguma incestência, a minha mãe inscreveu-me em aulas de ballet no 8º ano e a partir do 10º ano, tive também aulas de contemporâneo. Atualmente estou em pausa devido ao Covid e a todos os riscos envolvidos.
Ter aulas de dança é fantástico, são horas onde posso ser eu mesma, e é ao mesmo tempo um escape para um mundo paralelo, onde tudo o que está a acontecer no real se esquece. Claro que também danço muitas vezes em casa, mas quando tenho aulas, sei que aconteça o que acontecer, aquele tempo é dedicado somente à dança, e claro, estou a aprender sobre aquilo que mais me apaixona.
Para mim a dança é paz, é e extensão da felicidade e o apaziguamento das mágoas, sejam elas quais foram. É conseguir transmitir aos outros, aquilo que por palavras não consigo transmitir.