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Daisylira
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A perfeição do ''ser'' Empty A perfeição do ''ser''

Sáb Nov 11, 2023 12:47 pm
Desde já, o título pode induzir em erro. Não me refiro ao ser humano, mas ao verbo ser. Em toda a sua simplicidade, ‘’ser’’.
E como podemos ‘’ser’’ perfeitos? Oxalá tivesse resposta. Desejo firmemente uma oclusão, um encerramento do debate e uma conduta de paz ao espírito de todos aqueles que a desejaram, porque ao desejar a perfeição, também nos sujeitamos ao sentimento da falha, não só para nós, mas para também todos aqueles que a desejaram para connosco. Pois quem alveja muito alto corre também o risco de cair.
Podemos ser como ‘’Icarus’’ e voar demasiado perto do sol, ou podemos tomar o risco e, mesmo contra todas as probabilidades, realmente alcançá-la. Mas isso são exceções e não regras. E as exceções não existem no mundo real.
Existem aqueles que a desejam tão arduamente, que perdem por completo a noção e o sentido da vida. Porque ninguém pode ser perfeito em todos os momentos. Todos tiveram, pelo menos uma vez, um dia menos ‘’bom’’, ou um sentimento menos ‘’feliz’’, mesmo que o neguem. Ninguém a pode alcançar até porque ela não existe, em concreto. A própria palavra inclui ‘’feição’’, referindo-se a uma cara normal, não única, mas uma em milhares.


No fim do dia, todos sentimos que podíamos ter sido melhores, ou ter dito outras coisas e imaginámos os cenários que essas possibilidades implicariam. Em suma gostaríamos de reviver esses momentos, vezes e vezes sem conta, para um dia talvez chegarem perto da perfeição.
Mas a vida não deve ser levada desta forma, porque se for, nunca a viveremos realmente, só ficaríamos presos em realidades já vividas, milhares e milhares de vezes sem conta e, sem originalidade nenhuma, chegando ao ponto de eventualmente nos cansarmos de as viver. Não quero nem imaginar o efeito que este fenómeno traria à raça humana, mas certamente não seria muito positivo.
Digo por isto, que a perfeição pode ser fatal. Basta conferir os números de suicídios por ano. Não digo que foram todos por esta razão, mas uma grande parte das vítimas sentiram algo parecido a uma insuficiência, a uma inconclusão do seu sentido. Perfecionistas, algo do género. Muitos criados em ambientes que os habituaram a esta forma de pensar e de ver o mundo. Não me atrevo a definir o que sentiram, mas ouso dizer que não fosse esta palavra (em qualquer idioma), então uma grande percentagem destas pessoas ainda rumaria este lugar.
Por exemplo, imaginem uma parede. Recém pintada, recém colocada, novinha em folha. Agora imaginem que essa parede está a dividir dois mundos coexistentes. Um, onde não existem regras, uma anarquia que funciona, porque também não existe crime nesse mundo. Sem doenças, sem distúrbios, sem problemas. Um mundo onde até os mais infelizes encontrariam algum tipo de felicidade. Agora imaginem que o outro mundo é o mundo real.
Dois descontentes, um do lado imaginativo e outro do real, sem saber o que existe do outro lado da parede, decidem parti-la em pedaços. Partem, partem e partem. Até que uma pequena fissura se abre, e ambos os olhos se encontram. Dizem que a alma de uma pessoa está escondida no seu olhar, logo ambos percebem o estado de espírito do outro, e assim, o que lhes espera do outro lado da parede. Será que o infeliz, que não deveria ser infeliz, porque tinha uma vida repleta de felicidades abdicaria do seu mundo perfeito para ter um pequeno gosto da realidade? E será que o infeliz, que deveria estar infeliz, porque tinha uma vida repleta de infelicidades, quereria ser feliz, mas viver uma vida de ilusões e enganos? O que escolheriam?
Será que para muitas pessoas ser perfeito é ter algum tipo de realização ao nível pessoal? Fama mundial, por exemplo? Idolatria ao mais alto grau. O ser humano é certamente algo. Quantas são as queixas das celebridades, porque os ‘’paparazzi’’ ou os fãs que perderam totalmente a noção de privacidade e o respeito comum, infiltraram-se mais do que uma vez na vida destas pessoas? Porque quando o ser humano tem um gosto de uma vida ideal, deseja-a para si mesmo e decide manter todo o seu poder e influência sobre ela. Não há limites no que toca à perfeição.
Porque nós somos definidos pelos nossos atos. E são os arbitrários desses atos (a sociedade) que depois de os julgarem e reformularem as suas visões podem decidir se somos perfeitos ou não, segundo eles claro. Porque todos aspiramos à grandeza, mas nem todos a conquistamos, e se, todavia, o fizermos isso garantir-nos-á algum tipo de distinção como seres humanos? Ou viveremos mais uma vida simples, e pacata sem qualquer tipo de tratamento especial?
Por isso a perfeição deve ser temida. Pois aqueles que se intitulam ‘’perfeitos’’ ou lhes foi conferido o mesmo título estão fadados a o ser, para o resto das suas vidas, ou passarão esse peso para outro infeliz que certamente terá o mesmo destino.
A palavra é, muitas das vezes, usada em vão, ou então não na sua totalidade.
Um exemplo. Um jogo de futebol. A equipa marcou 3 golos, foi um jogo perfeito para os adeptos, habituados ao sabor amargo da derrota. Mas não foi perfeito, de todo. Marcaram 3 golos, poderiam ter marcado mais. E uma só vitória, não apagaria o registo fraco daquela equipa, por exemplo. Exige-se sempre mais.
Mas este é um pensamento perigoso, exigir cada vez mais de nós próprios cria uma insatisfação constante para connosco. Tudo o que fazemos não tem importância, a não ser que atingimos um patamar próximo da perfeição, diferente para cada um.


Agora, cheguei a uma conclusão. A perfeição, se existir (agora restam-me dúvidas), depende de cada pessoa. São os objetivos que traçamos no nosso caminho, que moldam o caminho em si. Ora pensem, um aluno que esteja satisfeito com um 13, certamente não exigirá mais de si próprio. Ora outro que almeja ao 20, não se contentará com menos que isso. Pessoas com valores diferentes, e certamente com futuros diferentes,  mas com um igual sentimento de satisfação e contentamento, se os seus objetivos forem alcançados.
Se ser inteligente é usar as capacidades que um tem ao seu dispor então ser perfeito é conquistar um sentimento de total satisfação a todos os níveis, na minha maneira de ver.
Claro que a perfeição é subjetiva, e pode ser usada em diversos contextos, portanto não devemos debater o seu significado, mas sim avaliar as consequências que o ‘’ser perfeito’’ pode trazer à humanidade.
Concluindo, não devemos implicar a perfeição nem em nós, nem naqueles que nos rodeiam, mas sim motivar os nossos amigos e familiares a mostrarem o melhor de cada um deles todos os dias.


Devemos falhar para suceder. Não exigir, mas tentar.

Melhores, não perfeitos.

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