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A educação n'Os Maias
Qui Abr 20, 2023 6:17 pm
O tema da educação é frequentemente tratado por Eça de Queirós e surge n'Os Maias como um dos principais fatores comportamentais e da mentalidade do Portugal romântico por oposição ao Portugal novo, voltado para o futuro.
São nos apresentados dois sistemas educativos opostos que, ao longo da obra, se manifestam através de opiniões das personagens ou das mentalidades e cultura que revelam. A educação inglesa que Carlos da Maia praticou baseia-se na moral natural, em que esta privilegia o contacto com a natureza, o desenvolvimento da inteligência através do conhecimento experimental, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas (inglês), a criatividade, o juízo crítico e também o dever em detrimento da vontade. Por outro lado, a educação tradicional portuguesa apresenta uma moral religiosa, que apela à permanência em casa, valoriza o primado da cartilha, o contacto com velhos livros, a aprendizagem de línguas mortas (latim), a superproteção e a memorização.
Da educação recebida depende bastante o futuro das personagens e a sua realização. A vitalidade de Carlos vem de uma educação que promove o exercício físico, contrastando com a fragilidade de Eusebiozinho, que é uma consequência da educação portuguesa apenas valorizar o conhecimento teórico e de ser marcada pela superproteção. Além disso, a autoconfiança de Carlos e o facto de falar inglês decorrem de um método educativo que promove o desenvolvimento da sua curiosidade natural e a aprendizagem de línguas vivas. Em contrapartida, Eusebiozinho assume um papel passivo no seu processo educativo, limitando-se a memorizar informações já ultrapassadas.
A educação tradicionalista e conservadora desvalorizou a criatividade e o juízo crítico, deformou a vontade própria, arrastando os indivíduos para a decadência física e moral. Em Pedro da Maia, por exemplo, tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida quando Maria Monforte o abandonou, e, quanto a Eusebiozinho, tornou-o "molengão e tristonho", arrastou-o para uma vida de corrupção, para um casamento infeliz e para a debilidade física. Já a educação inglesa procurou fortalecer o corpo e o espírito. Graças a ela, Carlos da Maia seguiu medicina e realizou vários projetos de investigação, e mesmo tendo estes fracassado, não foi da educação recebida, mas da sociedade em que se viu inserido. A ausência de motivações no meio em que se movimentou, o próprio estatuto económico que não lhe exigia qualquer esforço e a paixão romântica que o seduziu foram causas suficientes para, apesar de culturalmente bem formado, desistir e afastar-se das atividades produtivas. Mas ao contrário do seu pai, Pedro da Maia, que, perante o fracasso amoroso, se suicidou, Carlos procura um novo caminho.
São nos apresentados dois sistemas educativos opostos que, ao longo da obra, se manifestam através de opiniões das personagens ou das mentalidades e cultura que revelam. A educação inglesa que Carlos da Maia praticou baseia-se na moral natural, em que esta privilegia o contacto com a natureza, o desenvolvimento da inteligência através do conhecimento experimental, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas (inglês), a criatividade, o juízo crítico e também o dever em detrimento da vontade. Por outro lado, a educação tradicional portuguesa apresenta uma moral religiosa, que apela à permanência em casa, valoriza o primado da cartilha, o contacto com velhos livros, a aprendizagem de línguas mortas (latim), a superproteção e a memorização.
Da educação recebida depende bastante o futuro das personagens e a sua realização. A vitalidade de Carlos vem de uma educação que promove o exercício físico, contrastando com a fragilidade de Eusebiozinho, que é uma consequência da educação portuguesa apenas valorizar o conhecimento teórico e de ser marcada pela superproteção. Além disso, a autoconfiança de Carlos e o facto de falar inglês decorrem de um método educativo que promove o desenvolvimento da sua curiosidade natural e a aprendizagem de línguas vivas. Em contrapartida, Eusebiozinho assume um papel passivo no seu processo educativo, limitando-se a memorizar informações já ultrapassadas.
A educação tradicionalista e conservadora desvalorizou a criatividade e o juízo crítico, deformou a vontade própria, arrastando os indivíduos para a decadência física e moral. Em Pedro da Maia, por exemplo, tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida quando Maria Monforte o abandonou, e, quanto a Eusebiozinho, tornou-o "molengão e tristonho", arrastou-o para uma vida de corrupção, para um casamento infeliz e para a debilidade física. Já a educação inglesa procurou fortalecer o corpo e o espírito. Graças a ela, Carlos da Maia seguiu medicina e realizou vários projetos de investigação, e mesmo tendo estes fracassado, não foi da educação recebida, mas da sociedade em que se viu inserido. A ausência de motivações no meio em que se movimentou, o próprio estatuto económico que não lhe exigia qualquer esforço e a paixão romântica que o seduziu foram causas suficientes para, apesar de culturalmente bem formado, desistir e afastar-se das atividades produtivas. Mas ao contrário do seu pai, Pedro da Maia, que, perante o fracasso amoroso, se suicidou, Carlos procura um novo caminho.
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Re: A educação n'Os Maias
Qua Abr 26, 2023 6:52 pm
O romance "Os Maias" de Eça de Queirós apresenta uma crítica satírica à educação em Portugal no final do século XIX.
A educação retratada na obra é elitista e voltada para a formação de uma classe dominante ociosa e sem sentido crítico. Os personagens principais, Carlos da Maia e João da Ega, são frutos dessa educação, tendo sido criados em ambientes privilegiados e com acesso a uma formação intelectual sofisticada, mas sem qualquer preparo para lidar com as demandas do mundo real.
Além disso, a obra também denuncia a falta de investimento na educação pública em Portugal na época, o que levava à exclusão social e à perpetuação da pobreza e da ignorância.
No que tange relacionar esta obra com a sociedade atual, muitas das críticas feitas à sociedade portuguesa na época podem ser relacionadas à realidade atual, ou seja, os portugueses e não só, acabam por enfrentar vários problemas como por exemplo a corrupção, o nepotismo e a falta de ética nas relações tanto pessoais como profissionais, uma vez que, o adultério está bastante presente ao longo da obra.
Para além disso, esta obra também está relacionada com os dias de hoje devido à questão da alienação, ou seja, a indiferença que as personagens passam ao viverem num mundo de aparências e, desprovidos de senso crítico. Isto enquadra-se perfeitamente com a sociedade do séc. XXI, vai ao encontro destas personagens, uma vez que as pessoas preocupam-se mais com o consumismo e o entretenimento do que propriamente com a participação ativa na construção de um mundo mais justo e igualitário.
Por fim, “Os Maias” é uma obra bastante relevante pois, com esta obra, conseguimos entender e refletir sobre a sociedade em que vivemos, relacionando-a assim com a “podridão” da sociedade do séc. XIX.
A educação retratada na obra é elitista e voltada para a formação de uma classe dominante ociosa e sem sentido crítico. Os personagens principais, Carlos da Maia e João da Ega, são frutos dessa educação, tendo sido criados em ambientes privilegiados e com acesso a uma formação intelectual sofisticada, mas sem qualquer preparo para lidar com as demandas do mundo real.
Além disso, a obra também denuncia a falta de investimento na educação pública em Portugal na época, o que levava à exclusão social e à perpetuação da pobreza e da ignorância.
No que tange relacionar esta obra com a sociedade atual, muitas das críticas feitas à sociedade portuguesa na época podem ser relacionadas à realidade atual, ou seja, os portugueses e não só, acabam por enfrentar vários problemas como por exemplo a corrupção, o nepotismo e a falta de ética nas relações tanto pessoais como profissionais, uma vez que, o adultério está bastante presente ao longo da obra.
Para além disso, esta obra também está relacionada com os dias de hoje devido à questão da alienação, ou seja, a indiferença que as personagens passam ao viverem num mundo de aparências e, desprovidos de senso crítico. Isto enquadra-se perfeitamente com a sociedade do séc. XXI, vai ao encontro destas personagens, uma vez que as pessoas preocupam-se mais com o consumismo e o entretenimento do que propriamente com a participação ativa na construção de um mundo mais justo e igualitário.
Por fim, “Os Maias” é uma obra bastante relevante pois, com esta obra, conseguimos entender e refletir sobre a sociedade em que vivemos, relacionando-a assim com a “podridão” da sociedade do séc. XIX.
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