[Opinião] Corpos de todas as formas e tamanhos

A sociedade contemporânea testemunha uma prevalência crescente de obesidade nos países desenvolvidos. Neste contexto, surge um movimento que defende que os corpos de todos os tamanhos e formas são bonitos, ganhando cada vez mais espaço na esfera pública. Contudo, é crucial questionarmos se este movimento é a promoção de uma obesidade acessível que pode ser prejudicial a longo prazo.

O movimento em questão tem vindo a ganhar impulso, em grande parte graças à sua disseminação nas redes sociais e à ascensão dos modelos plus size, bem como de influenciadores como Lizzo, que desafiaram os padrões de beleza tradicionais. Esta mudança é importante e necessária, pois promove a inclusão e a diversidade, contrariando a imagem irrealista que a indústria da moda muitas vezes perpetua. No entanto, é vital perceber a diferença entre promover a acessibilidade de todos os corpos e encorajar a obesidade.

A afirmação de que todos os corpos são bonitos tem o nobre propósito de encorajar a autoaceitação e a construção de uma relação mais saudável com a própria imagem. A beleza é subjetiva e multifacetada, e a confiança não deve ser ditada pela validação externa. Neste sentido, é igualmente importante criar ambientes sociais que promovam a liberdade e a confiança pessoal, pois apenas assim propicia-se a aceitação e a confiança pessoal de cada um sobre si mesmo, o que é a base para levar uma vida saudável, o resto, ou seja, a aparência física do corpo virá por consequência positiva.

 “Só estava a ser sincera…Ela está gorda, precisa de perder peso…Foi apenas um conselho, pode ser que assim ela comece a ter hábitos mais saudáveis” Ao contrário do que muitos pensam, um comentário como este nem sempre é inofensivo. Cada um tem as suas inseguranças e para alguns uma apreciação destas pode ficar marcada severamente. O bullying sobre as aparências e os corpos dos outros é um problema sério, com ramificações profundas na saúde mental e física das pessoas. Muitos indivíduos acabam por seguir dietas rigorosas devido à pressão social, mesmo que isso possa ser prejudicial à sua saúde a longo prazo. Mesmo quando no final se atinge o resultado pretendido, uma tentativa de perda de peso por vergonha do nosso corpo ou por não estarmos compreendidos nos padrões sociais normalmente não é recomendada pois é psicologicamente negativa e destruidora.

Assim, é imperativo encontrar um equilíbrio entre promover a liberdade de todos os corpos e encorajar hábitos de vida saudáveis. A saúde deve ser o centro da discussão, sem que isso signifique padrões perpétuos de beleza inatingíveis. desenvolvemos uma abordagem holística à saúde, que inclui a acessibilidade de diferentes tipos de corpos, pois somos todos diferentes e mesmo saudáveis, os nossos corpos têm tamanhos e formas diferentes.

Concluindo, o movimento que defende que os corpos de todos os tamanhos são bonitos desencadeou importantes conversas sobre inclusão e diversidade na sociedade atual. Contudo, é essencial abordar este tema com sensibilidade e responsabilidade, reconhecendo que a obesidade tem implicações para a saúde que não podem ser ignoradas. Devemos promover a acessibilidade pessoal e criar ambientes sociais saudáveis, onde as pessoas se sintam valorizadas independentemente de sua aparência física. Este é o caminho para uma sociedade mais empática, equilibrada e saudável.