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[Livro] O Absurdismo na escrita de Camus  Empty [Livro] O Absurdismo na escrita de Camus

Seg Nov 06, 2023 8:10 pm
“O Estrangeiro” é uma obra filosófica de Albert Camus produzida na Segunda Guerra Mundial. O protagonista desta narrativa, Mersault, é um rapaz inerte e insensível. Nada parece capaz de emocioná-lo, seja positiva ou negativamente. A morte da mãe, o casamento com uma rapariga bela, o espancamento de uma mulher pelo amante, a liberdade de um cachorro, o assasinato cometido pelo próprio protagonista, a promoção no emprego e a condenação à morte são encarados como eventos banais pela sua mente.



É neste livro que Camus expõe ao mundo pela primeira vez o Absurdismo, tese rival ao Niilismo de Nietzsche e ao Existencialismo de Sartre. Esta corrente filosófica acabou por ser explorada meses depois da publicação da obra previamente referida com o ensaio filosófico: ''O mito de Sisifo'', onde Camus argumenta que a vida humana e o universo não fazem qualquer sentido e procurá-lo é absurdo e levará-nos a um conflito com o mundo.


Na mitologia grega, Sísifo, filho do rei Éolo, foi castigado eternamente devido ás suas constantes ofensas para com os Deuses. Este foi condenado a empurrar uma grande pedra de mármore com as suas próprias mãos até ao cume de uma montanha, sendo que cada vez que a pedra atingia o cume, esta rebolava pela montanha abaixo, deixando Sísifo no seu ponto de partida, num ciclo inquebrável sujeito ás vontades dos deuses.

"Eu deixo Sísifo no cume da montanha. Sempre encontramos o fardo de alguém novamente. Mas Sísifo ensina a maior fidelidade que nega os deuses e aumenta as rochas. Ele também conclui que tudo está bem. Este universo doravante sem um mestre parece nem estéril nem fútil. Cada átomo dessa pedra, cada floco mineral daquela montanha cheia de noite, em si, forma um mundo. A luta contra as alturas é suficiente para encher o coração de um homem. É preciso imaginar Sísifo feliz." - Mito de Sísifo, Albert Camus

A ideia de imaginarmos Sísifo feliz, sugere que apesar da aparente futilidade e absurdo da vida, é póssivel desafiar este absurdo ao criar uma forma de felicidade na nossa própria existência. Camus argumenta que Sísifo encontra a felicidade no próprio ato de empurrar a pedra, no esforço contínuo e na superação das dificuldades. Este afirma que ''não há destino que não possa ser superado pela despreocupação'' e que a revolta consciente contra o absurdo da existência é o que torna a vida digna de ser vivida. 

Devemos imaginar-nos como Sísifo, refletindo sobre como enfrentamos a condição humana, reconhecendo a aparente falta de sentido e procurando ativamente a revolta consciente, o significado e a alegria nos transtornos da vida. O Absurdismo de Camus convida-nos a abraçar a nossa liberdade e responsabilidade para criar significado num mundo ridículo e fútil, assim como Sísifo escolhe continuar a empurrar a pedra, desafiando os Deuses uma vez mais ao encontrar um propósito e motivação na sua árdua punição.


''Como se esta grande cólera me tivesse purificado do mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de sinais e de estrelas eu me abria pela primeira vez à terna indiferença do mundo.'' - ''O estrangeiro'', Albert Camus. 
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